O SINASEFE Seção Natal participou na manhã de hoje (25), no Miniauditório da DIAC do IFRN Campus Natal-Central, da abertura da “Semana em Comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latina-Americana e Caribenha”, que é festejado hoje em todo o mundo como forma de luta e resistência da mulher negra contra a opressão de gênero, o racismo e a exploração de classe. A atividade, que tem como tema “A mulher negra e sua identidade como resistência nos espaços acadêmicos, sociais e institucionais”, é uma realização da Diretoria de Mulheres do Grêmio Estudantil Djalma Maranhão – GEDM em parceria com Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Gênero e Diversidade – NEGêDI, SINASEFE Natal e Coletivo Mulheres Independentes por uma Geração Autônoma – MIGA. O evento segue até a próxima quarta-feira (27).

A semana foi iniciada com uma intervenção visual feita nos espaços internos do CNat/IFRN e, logo em seguida, a abertura do evento com a realização de uma roda de conversa sobre “A importância da comemoração do dia 25 de julho”. No debate foram apresentados dados históricos e sociais da mulher negra e discutido sobre o contexto em que ela está inserida. A discussão reafirmou a importância do debate sobre o tema e do empoderamento das mulheres negras no Brasil e no mundo.

No encontro, também foi feita uma homenagem à ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, que faleceu no último dia 12.

A Roda de conversa contou com a participação da coordenadora geral do SINASEFE Natal, Socorro Silva; do pró-reitor de Ensino do IFRN, Agamenon Tavares; do diretor-geral do CNat/IFRN, José Arnóbio de Araújo Filho; da diretora de Mulheres do Grêmio Djalma Maranhão, Isabelly Araújo; da representante do Negêdi, Gaby Varela; da diretora de Mulheres da UBES, Brisa Bracchi; da coordenadora de Mulheres do DCE da UFRN, Mariana Ceci; da representante do Coletivo MIGA, Gabrila Primitivo; e da representante do mandato do vereador Hugo Manso, Júlia Almeida.

ESPAÇO DE FALA

Dando continuidade à programação do evento, à tarde foi realizada, no Miniauditório da DIAC, a palestra “As Mulheres Negras Contam sua História”, que contou com a participação de Socorro Silva (SINASEFE/NEGÊDI), Maiara Silva (Professora de História do IFRN- SGA); Isabelly Araújo (DM – GEDM); Aparecida França (SEMUL); Ana Paula (João Câmara); Dany Almeida (Coletivo Pixaim); e Marinalva Moura (IFRN); com a mediação de Selma Benica.

Cada uma das palestrantes pôde ressaltar aspectos de sua história enquanto mulher e negra, e relatar como se deu o processo de amadurecimento para encarar a questão da militância no feminismo negro e em outras frentes sociais da forma como encaram hoje em dia.

Socorro Silva falou sobre a importância de as mulheres negras se colocarem nos espaços de fala para avançar cada vez mais na luta pelo respeito e pela visibilidade. “Só vamos conseguir mudar essa realidade militando, se apoiando. Se a gente não se mobilizar, os poucos direitos conquistados serão retirados, como já estão sendo pelo governo golpista”, reforçou a professora.

A professora de história Maiara Silva contou que começou a se ver e a se aceitar como mulher negra aos 21 anos, e que a partir daquele momento a necessidade de estudar para si mas também para poder ajudar outras meninas e mulheres falou mais alto. “Não basta ter o diploma, você precisa se perguntar: qual o seu papel nessa sociedade? Estudando podemos transformar a sociedade, e estar nesses espaços é muito importante, pela questão inclusive da representatividade, para servir de modelo e de exemplo para aquela jovem que, por exemplo, nunca teve uma professora negra”.

A militante estudantil Isabelly Araújo disse que seu processo de autoaceitação aconteceu por volta dos 15 anos, ao ter que definir sua etnia em uma inscrição para um processo seletivo. “A partir daquele momento, ao me declarar como mulher negra, veio o empoderamento e a busca pelos espaços onde eu pudesse ter acesso a esse tema para me apropriar mais sobre esse debate. Isso foi particularmente difícil, enquanto filha de uma mulher branca, e levou tempo para que eu pudesse entender quem de fato eu sou”, relatou a jovem.

A Secretária de Mulheres do Município do Natal, Aparecida França, lembrou que, para a mulher negra, tudo é mais difícil. “Nós temos sempre que nos colocar mais, trabalhar e estudar muito mais para mostrar nosso valor. É uma realidade difícil, mas que nós encaramos, porque precisamos encarar para nos fortalecer e vencer”.

Ana Paula, que desenvolve diversos trabalhos sociais com mulheres negras e das comunidades rurais na região de João Câmara, viu sua negritude aflorar por meio da religiosidade. “Ao me identificar com as religiões de matriz africana, vi ali a oportunidade de ser quem eu realmente era, e esse desabrochar me trouxe inúmeras certezas: a certeza de que a minha estética é a minha, que ela incomoda aos outros, mas que me deixa muito feliz. E é esse sentimento de liberdade e segurança que procuro levar às mulheres das comunidades com as quais tenho a oportunidade de trabalhar”.

Do Coletivo Pixaim, Dany Almeida explicou que sempre teve uma certa “certeza” de sua negritude, mas que essa consciência de necessidade de expressar sua condição de mulher negra passaria pela questão estética, o que a fez inclusive criar o movimento no Rio Grande do Norte. “Eu era alisada desde os cinco anos de idade. Ou seja, mais tempo de alisada na vida do que de cabelo crespo. Foi um processo, porque isso de certa forma afronta as pessoas, isso de assumir a sua estática. Mas não tem nada mais gratificante do que se aceitar e mostrar a outras mulheres que elas podem se aceitar e que isso é lindo”, contou.

Vários (as) participantes puderam também deixar suas falas de encorajamento ao movimento e de agradecimento pela realização do gratificante debate realizado naquele espaço. Para fechar a tarde, um lanche foi oferecido a todos e todas, que puderam confraternizar e celebrar o momento.

PRÓXIMOS DIAS

Nesta terça-feira (26), a programação da Semana em Comemoração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latina-Americana e Caribenha segue com a exibição do curta-metragem “Cores e Botas”, seguido de Roda de Conversa “Por que as botas têm cor?” e Grupos de Discussão. A atividade acontece em duas edições: às 10h e às 16h, na Sala 23 dos Cursos de Idiomas, que fica próxima à sede do sindicato.

E, no último dia de programação, quarta-feira (27), o evento traz intervenção urbana, rodas de conversa, feirinha, sarau, oficina de turbante e atrações musicais com a acordeonista Carol Benigno e Anny Caroline e “Elas Cantam Elas”.

Confira a programação completa AQUI e participe!

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