Na última segunda-feira (24), o Sinasefe Nacional publicou uma moção de repúdio à Reitoria do IFRN, devido à abertura de processo contra o servidor Luiz Roberto Alves dos Santos. O documento foi motivado por diversos relatos de servidores de que o processo aberto na Comissão de Ética da instituição contra o professor traz indícios evidentes de perseguição política, devido à atuação crítica e ativa do servidor no cotidiano do IFRN.
O processo foi instaurado cinco meses após a publicação de um texto em que o professor se posicionava sobre uma reunião do CONSUP. “Não se sabe o porquê desse longo hiato temporal. Tampouco sei quem está me acusando e de que estou sendo acusado. Não fica claro no processo, apenas são citados vários artigos, incisos, alíneas, mas não especificam o que infringi em cada momento da minha fala. E, ainda que fosse um processo bem embasado do ponto de vista legal, ainda seria questionável, uma vez que sua instauração fere o princípio da liberdade de expressão”, explica Luiz Roberto em entrevista ao Sinasefe Natal.
Como professor de Filosofia, Luiz afirma que procura apontar aos alunos a necessidade de uma visão crítica prática na sociedade em que vivemos, e não apenas teórica, e que essa postura o mesmo procura adotar em seu dia a dia. “Creio que tenho o direito de fazer uma crítica a uma postura pública; o direito de qualquer um de emitir uma opinião deve ser respeitado. A minha opinião mesmo foi criticada, mas nem por isso saí por aí abrindo processos. Não concordo com a maior parte das críticas que recebi, mas as aceitei e as respeito, porque faz parte do diálogo democrático assumir as críticas consequentes do seu posicionamento. O que não é válido é inventar escusas legais para que as críticas não sejam feitas, pois, quando se começa a caçar aqueles que emitem opiniões discordantes das suas, aí se começa a enviesar um panorama ditatorial, e isso é preocupante”, ponderou Luiz.
O servidor lembra que, ao pleitear a democracia em seu âmbito de trabalho, a comunidade não deve limitar-se ao voto, e que a participação nas discussões diárias é a principal ferramenta para a construção de uma instituição de fato democrática. “Ser democrático é participar mesmo dos problemas; é aceitar a crítica e também fazer a crítica, e não temer fazer o seu papel. Afinal, estamos numa instituição de educação, e esse é o grande exemplo que podemos dar aos alunos, de que, ainda que haja discordância entre as partes, o debate deve sempre ser respeitado”.
Luiz finaliza alertando: “Mesmo o processo sendo um grande equívoco, acho que um recado contra a democracia foi dado, e foi muito claro. E isso não podemos aceitar. A perseguição política a quem se opõe, a quem se posiciona, não deve se tornar uma prática comum e aceita pela comunidade. O grande problema aqui, nessa questão, é o ataque aos servidores, e não à minha pessoa. Se ficarmos calados, estaremos aceitando esse recado contra a democracia e aceitando esse tipo de pressão. E isso é tudo o que não queremos numa democracia”.
O Sinasefe Natal se coloca à disposição do servidor e reitera que gestão democrática se faz com respeito ao debate e às opiniões. Continuaremos acompanhando o processo, informando a comunidade e lutando para que situações como essa não venham a se repetir.
Leia a moção do Sinasefe Nacional clicando AQUI.
Confira AQUI o conteúdo do processo, cedido pelo próprio professor Luiz Roberto.
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