O SINSEFE Seção Natal, através de sua Diretoria de Formação Política, realizou na última sexta-feira (17), no Auditório do IFRN Campus Natal-Central, o Seminário “Trabalhadores da Educação frente aos desafios da sociedade brasileira”. A abertura foi realizada com uma mesa-redonda, composta pelos professores José Dari Krein, da Unicamp; Dante Henrique Moura, do IFRN; e José Teixeira da Silva, coordenador geral do Sinte-RN.
O Seminário teve como objetivo discutir os desafios e as ações para o combate às diversas propostas que visam à retirada de direitos da categoria e significam o retrocesso de muitos benefícios alcançados na luta por uma educação pública de qualidade, inclusiva e acessível aos filhos da Classe Trabalhadora. A mesa foi coordenada pela professora do IFRN e diretora de Formação Política do SINASEFE Natal, Aparecida Fernandes.
O professor da Unicamp Dari Krein iniciou o debate falando sobre o atual momento que o país está vivenciando. “Estamos vivendo um momento muito particular da história brasileira. Estamos vivendo num contexto de golpe, mas não só de golpe, estamos vivendo um contexto de mudanças mais profundas num cenário de grandes incertezas, e iniciativas como essa de debater sobre o assunto são muito bem-vindas. Fazer o debate é algo positivo e parabenizo o sindicato pela iniciativa”.
Dari Krein falou que o grande desafio do movimento sindical hoje é pensar as questões mais gerais, ou seja, “a contribuição que o sindicato pode dar para a sociedade brasileira no momento em que nós estamos vivendo e fazendo o debate mais geral para podermos enfrentar o cenário atual. E a definição desse cenário vai indicar quais são as possibilidades de organização do nosso trabalho dentro das instituições públicas em geral”.
O professor aponta que para vencer o cenário atual devemos montar um movimento de resistência, principalmente na área da Educação e da Saúde. “Estamos com uma ofensiva conservadora. O cenário não é muito favorável a nós, mas existe sinais que abrem possibilidades de se fazer um movimento de resistência. E o que mais tem densidade para fazer esse movimento de resistência é na Educação e na Saúde, pois tem mais possibilidade de mobilização da sociedade. Mas esse movimento de resistência ainda é insuficiente. Temos que ser capazes de articular, junto com esse movimento de resistência, um projeto popular de desenvolvimento do país. Pensar um projeto de nação que passa, como eixo estruturante, pensar em combater a desigualdade social, ter sustentabilidade ambiental, garantir a soberania nacional, garantir a expressão da diversidade social e regional brasileira e como elemento fundante a questão da solidariedade”, finalizou Dari Krein.
Em sua explanação, o professor e coordenador do Sinte/RN, José Teixeira, falou dos desafios da sociedade brasileira na luta por uma educação de qualidade e falou sobre a construção do Plano Nacional de Educação.
“O desafio que se coloca agora é com o golpe. A nossa perspectiva era uma evolução mais sistemática com toda a legislação que conseguimos construir, garantindo, inclusive que os royalties do petróleo, 50% do pré-sal, viessem para que pudéssemos implementar o Plano Nacional de Educação até 2024, investindo 10% do PIB em educação. Agora, nos deparamos com outros grandes desafios. Se o pré-sal for entregue ao jogo das petroleiras internacionais, não vamos ter como garantir essa ascensão e a inclusão daqueles que ainda não chegaram a usufruir da educação pública de nosso país”.
José Teixeira finalizou seu debate conclamando a todos que “não deixemos que aconteça a desconstrução do nosso Plano Nacional de Educação, portanto, precisamos nos unir, fazer uma rearticulação dos movimentos sociais para que nós continuemos e nos mantenhamos articulados, pois se formos esperar apenas pelo parlamento vigente nós vamos ter uma destruição de tudo aquilo que conseguimos construir nesses 13 anos e que veio garantir a inclusão social de tantos milhões de trabalhadores e trabalhadoras e que veio garantir a expansão das nossas universidades e escolas técnicas”.
Para o professor do IFRN, Dante Moura, o contexto que estamos vivenciando hoje é sustentado por quatro pilares: 1- Interesses internacionais envolvidos nessas situações, capitaneados pelos EUA. Algumas ações do governo nesses 13 anos vão de encontro à política que os EUA querem para a política na américa latina, então eles estão operando claramente nesse processo; 2- Precisamos aproveitar esse momento de crise para olharmos para nós mesmos e fazer uma autocrítica, essa conjuntura que estamos vivenciando contribui para ela os erros que o governo cometeu, embora tenhamos tidos avanços significativos; 3- A posição histórica da elite brasileira reacionária e contrária a qualquer avanço no sentido de diminuir a desigualdade social. Não só as elites ao nível econômico, mas também ao nível do pensamento, aqueles que não são da classe média mas pensam como a classe média; e 4- O judiciário que é comprometido com os interesses das elites e é fortemente marcado com essa origem de classe e operam diretamente por essas elites.
“Esse debate que fizemos hoje é muito importante devido a conjuntura que vivemos hoje. Que consigamos mais adeptos para discutir sobre o tema”, finalizou Dante Moura.
A diretora de Formação Política do SINASEFE Natal, Aparecida Fernandes, falou sobre a importância do debate político. “Precisamos recuperar esses espaços de debate político, recuperar a arena política, isso é muito importante. Algumas pautas têm sido muito mais no campo do financeiro e nós precisamos ampliar os leques de discussão e é nisso que estamos apostando, de que outras dimensões da sociedade, além dos embates de política salarial, estejam presentes nas discussões”.
Também participaram do evento o coordenador geral do SINASEFE Natal, Maurilio Gadelha, e o diretor-geral do CNat/IFRN, José Arnóbio de Araújo Filho.
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