O dia de mobilização iniciou cedinho, desde às 6h30 da manhã membros da Diretoria do SINASEFE Seção Natal, acompanhados de servidores do IFRN e estudantes, estavam em frente ao Campus Natal-Central e em trechos da Avenida Salgado Filho panfletando sobre as motivações que levaram milhares de trabalhadores e estudantes a paralisarem suas atividades ontem, 13 de agosto, dia da Greve Nacional da Educação. O movimento protestou contra os cortes na Educação, em defesa da autonomia das Universidades e dos Institutos Federais e também contra o projeto Future-se, que tem como objetivo principal privatizar o ensino público.

Desde as primeiras investidas do governo Bolsonaro contra a Educação, movimentos sociais e entidades sindicais avaliaram que essa teria que ser uma luta coletiva e que a população em geral precisaria ser mobilizada em torno da defesa da Educação Pública. Pensando nisso, a programação do 13 de agosto foi construída considerando essa necessidade e alguns grupos iniciaram as atividades explicando para população quais as pautas do movimento e porque a defesa da Educação Pública não é uma demanda somente dos trabalhadores da Educação.

Enquanto alguns grupos panfletavam, no Auditório do Museu de Minérios, no CNat/IFRN, era exibido o Cinedocumentário “A rebelião dos Pinguins”. A atividade teve como mediadora a coordenadora geral do SINASEFE Natal e professora do IFRN Campus Nova Cruz, Emanuelly Bezerra. O documentário retrata a ocupação de mais de cem colégios chilenos por estudantes em 2016. O movimento teve como objetivo chamar atenção do governo para as demandas dos estudantes e para a necessidade de mudanças na educação do país. Entre as principais reivindicações dos manifestantes, estava o exame gratuito de seleção para a universidade, a reforma das escolas e as melhorias na merenda escolar.

Após a exibição do documentário, os participantes debateram o filme e examinaram as semelhanças entre a situação vivida no Chile e nossa atual conjuntura de cortes, ataques e repressão.

De acordo com a professora do CNat/IFRN, Socorro Silva, é preciso entender qual o cenário político e econômico que estamos vivendo. “O governo Bolsonaro combina vários fatores nocivos para a classe trabalhadora, redução do papel do Estado, redução das políticas sociais, ampliação da violência, da repressão, da criminalização e da retirada de direitos constitucionais, não vivemos uma conjuntura normal”, chamou atenção a servidora.

Socorro apontou ainda algumas iniciativas que precisam ser tomadas para viabilizar a luta contra os retrocessos do governo Bolsonaro. “Precisamos atuar em três frentes, nossas organizações precisam potencializar a comunicação, porque é a comunicação que vai traduzir, o pensamento, os sentimentos, os ideais, que as nossas instituições devem levar para essa conjuntura, depois nós precisamos trabalhar com a formação, só a formação vai possibilitar uma reação nas ruas contra esse governo, outro ponto é a mobilização, a luta política, nada nesse país se deu de forma gratuita, nenhum direito foi conquistado sem luta”, finalizou a professora.

Após o final dessa atividade, na entrada do Campus Natal-Central, estudantes e servidores participaram de um Sarau em defesa da Educação. O momento contou com declamação de poemas, leitura de Cordel e muita música com o grupo 3.Norte, de Extremoz, que com suas letras de rap abordaram temas como racismo, violência, política, direitos humanos, educação e empoderamento das mulheres.

Após o Sarau, a programação da Greve Nacional da Educação seguiu com a Aula Pública em defesa da Educação. Victor Varela, pedagogo da UFRN, e Socorro Silva, professora do CNat/IFRN, falaram sobre os ataques do governo à Educação, com os cortes no orçamento e a retirada de autonomia das universidades e Institutos Federais, e sobre o Future-se, projeto que pretende privatizar a educação pública.

Finalizada a aula, servidores e estudantes do IFRN foram conduzidos pelo Grupo Folia de Rua, do CNat/IFRN, para o Ato Público em defesa da Educação. E munidos de cartazes e faixas, ao som de muita batucada e palavras de ordem, tomaram novamente as ruas de Natal para protestar contra os ataques do governo Bolsonaro. A caminhada, seguiu até a Árvore de Mirassol.

Em sua fala durante o ato, a coordenadora geral do SINASEFE Natal, Emanuelly Bezerra, falou sobre o protagonismo da juventude, dos movimentos sociais e dos trabalhadores nos grandes movimentos que aconteceram no país e sobre a resistência para derrotar os ataques do governo Bolsonaro. “Acredito que vamos barrar esse governo fascista e suas contrarreformas. A história do povo brasileiro é uma história de resistência e de luta dos indígenas, dos quilombolas, da comunidade negra, das periferias, das mulheres, das LGBTQs, e é com nossa coragem e rebeldia que vamos derrotar esse governo”.

A coordenadora geral do SINASEFE Natal, Nadja Costa, avaliou a Greve da Educação como um movimento bastante positivo. “Acredito que todos nós, que estivemos mobilizados ontem, estamos de parabéns. O ato foi muito representativo e nossa participação mais ainda, foi um dia bastante significativo”, comentou a coordenadora.

Confira as fotos das atividades deste dia de luta AQUI.