O SINASEFE vem a público manifestar seu repúdio à aposentadoria por invalidez imposta à servidora autista Suzan Evelin Silva, do Campus Pouso Alegre do IFSULDEMINAS. Após adoecer em decorrência do assédio moral que sofria, ao revelar seu diagnóstico e solicitar adaptações simples para seguir trabalhando, teve seus pedidos negados e passou a ser submetida a novas situações de assédio institucional — inclusive durante perícias médicas, nas quais foi culpabilizada pelo próprio adoecimento. Em setembro de 2025, foi aposentada, sem direito à readaptação, em um ato que se configura como violência extrema e descarte institucional contra uma pessoa com deficiência que lutava apenas por condições dignas de trabalho e respeito a seus direitos.
O capacitismo — regime estrutural que organiza a exclusão de pessoas com deficiência — transforma corpos e mentes divergentes em “problemas” a serem corrigidos ou eliminados. No caso das neurodivergências, como o autismo, o sistema oscila entre patologizar essas diferenças ou explorá-las como diferencial produtivo, sempre exigindo mascaramento e hiperadaptação. As políticas institucionais, em vez de romper com essa lógica, frequentemente se limitam a procedimentos burocráticos, que mantêm intactas as estruturas excludentes e culpabilizam indivíduos por não se ajustarem ao ambiente hostil.
No serviço público federal, isso se materializa na exigência constante de laudos médicos, na negligência em relação à inclusão de servidores e na ausência de acessibilidade atitudinal. Pessoas autistas ou com deficiência que reivindicam seus direitos enfrentam assédio institucional, sendo tratadas como incapazes ou indesejadas. A aposentadoria compulsória da servidora Suzan não é um caso isolado, mas a expressão de um sistema que prefere descartar corpos e mentes que desafiam a norma, em vez de garantir condições de trabalho justas e acessíveis.
Nos Institutos Federais, em um cenário de precarização do trabalho e sobrecarga emocional, a luta por acessibilidade deve confrontar as estruturas de exclusão e normalização. Não haverá inclusão verdadeira enquanto não forem questionadas as lógicas de produtividade, eficiência e meritocracia que sustentam a educação pública sob o capitalismo.
Este caso exige mobilização coletiva: não aceitaremos que a violência institucional contra pessoas autistas seja naturalizada ou silenciada.
Autistas não são inválidos; inválido é o capacitismo!
205ª Plenária Nacional do SINASEFE