“Não estamos alegres, é certo, mas também por que razão haveríamos de ficar tristes? O mar da história é agitado. As ameaças e as guerras havemos de atravessá-las, rompê-las ao meio, cortando-as como uma quilha corta as ondas”.

Vladimir Maiakóvski

Nesse dia 28 de outubro comemoramos mais um dia do servidor público, é um dia de homenagens e celebrações, mas também um dia de reflexão. Ser servidor público sempre foi uma função difícil, principalmente em um país que não valoriza seus trabalhadores e que vê o serviço público com desprezo.

Apesar de termos conquistado, através de muita luta, alguns direitos e valorização profissional nas últimas décadas, após a ruptura democrática ocorrida no país em 2016, passamos a vivenciar mais fortemente uma série de ataques vorazes e ininterruptos ao funcionalismo público. Temos acompanhado dia-a-dia nossa imagem perante à sociedade ser destruída e nossos direitos serem retirados.

Para nós, trabalhadores da Educação, o desmonte vem sendo imposto cotidianamente. Sem discussão, o governo Temer aprovou em 2017 uma reforma do Ensino Médio que precariza o ensino e prioriza uma formação tecnicista em oposição a uma formação crítica dos estudantes e homologou uma Base Nacional Comum Curricular – BNCC, totalmente destoante do documento que vinha sendo construído coletivamente pelos profissionais da área.

Apesar da mudança de governo ocorrida em 2019, as políticas de desmonte não foram descontinuadas. Bolsonaro realizou um extensivo corte nas bolsas da Capes e CNPq, ameaçando estudantes e projetos que trazem contribuições para o desenvolvimento do país. Não achando suficiente, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, em decisão arbitrária e injustificável, cortou o orçamento das Instituições Federais de Ensino, asfixiando Institutos e Universidades, a ponto de comprometer o funcionamento.

O Planalto caminha a passos largos. Aprovou na última terça-feira (22/10) a reforma da Previdência, nociva a todos os trabalhadores e que retira direitos de segurados, aposentados e pensionistas. E já está em pauta uma reforma Administrativa, que visa o enxugamento das estruturas, extinção de órgãos, entidades, carreiras e cargos, redução da jornada e dos salários, diminuição de concursos e mais contratações temporárias, além de regulamentar a demissão por avaliação de desempenho para servidores públicos, quebrando nosso direito à estabilidade.

Em seus primeiros dez meses de mandato, fica claro que Bolsonaro elegeu os trabalhadores e a Educação Pública como inimigos. Por meio de seus ministros, o Planalto não tem dado trégua aos trabalhadores da Educação. O desrespeito com os docentes e técnicos, com estudantes e instituições é a palavra de ordem. O projeto Escola Sem Partido tem sido retomado e são constantes as ameaças às liberdades democráticas e à liberdade de cátedra. Recentemente, o ministro da Educação anunciou um novo modelo de gestão para Institutos e Universidades, o Programa Future-se que incentiva Instituições Federais de Ensino a captarem suas próprias receitas e se aliarem a modelos de negócios privados. Falando mais claramente, o governo Bolsonaro se prepara para privatizar e retirar a autonomia das IFEs.

Diante dessa conjuntura, nós servidores precisamos assumir uma postura de resistência e luta. Se o Planalto tem se mostrado incansável, nós também precisamos nos mostrar inquebrantáveis. Não podemos esquecer que nossos direitos foram adquiridos através de luta, suor e lágrimas, que durante todos os governos, fossem eles de esquerda, direita ou centro, milhares de trabalhadores, através do movimento sindical, precisaram se unir, realizar greves, sentar em mesas de negociação, tomar as ruas em atos, mobilizar seus pares e defender suas pautas, seus locais de trabalho e suas profissões.

Não podemos agora nos deixar levar pela apatia e indiferença e aceitar que um governo medíocre e comprometido somente com a destruição do conhecimento nos imponha tantos retrocessos. Mais do que nunca é necessário que estejamos atentos e fortes.

Que neste Dia do Servidor possamos renovar nossas forças e juntos seguirmos em defesa do estado de direito e da Educação pública, gratuita e de qualidade. Nesses quase 30 anos de existência, o SINASEFE Seção Natal esteve e permanecerá firme na luta e na defesa dos trabalhadores da Educação.

#28Outubro
#DiadoServidorPúblico