“Tire o seu racismo do caminho que eu quero passar com a minha cor”!

Essa é uma das frases que estavam espalhadas na entrada do IFRN Campus Nova Cruz na manhã da última quarta-feira (25/07). Os cartazes tentavam chamar a atenção dos estudantes e dos servidores sobre a necessidade de discutir o racismo e o empoderamento das mulheres sobre o dia 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latina e Caribenha, e eram o comitê de recepção para a Roda de Conversa realizada no dia (25/07) na unidade.

Convidado pelos organizadores do encontro, o SINASEFE Natal participou da Roda representado pela coordenadora geral da Seção, Aparecida Fernandes. O encontro teve início com a declamação de uma poesia musicada pela estudante, Jéssica Alves.

Na sua fala, a professora do IFRN Campus Parnamirim Aparecida Fernandes, chamou atenção para a necessidade da criação de políticas afirmativas que desconstruam a lógica histórica e social da casa Grande e Senzala que naturaliza o preconceito e a desigualdade de oportunidades. A sindicalista também lembrou que é uma tarefa das mulheres encamparem a luta pela igualdade, mas que também é uma tarefa coletiva e que, portanto, necessita da colaboração dos homens na mudança de atitudes e discursos.

Logo após a fala da professora, foi a vez de Zélia de Araújo, conversar um pouco com os estudantes sobre suas vivências enquanto mulher negra. Baiana, a chefe de cozinha, radicada no Rio Grande do Norte, contou um pouco dos seus enfrentamentos contra o racismo e o machismo perpetuado na nossa sociedade e chamou atenção dos estudantes para importância da educação. “ Apesar de convivermos em um país com menos oportunidade para as mulheres, em especial as mulheres negras, a educação é um agente transformador desse cenário, então mesmo que seja duro, mesmo se tentarem lhes parar, sigam em frente”, comentou a militante.

Após as falas das convidadas, a Roda de Conversa abriu o debate ao público. O evento foi organizado pelo Coletivo de Mulheres e pelo Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas – Neabi e contou com a participação de estudantes e servidores de Campus Nova Cruz e de outras unidades do IFRN.

Sobre o dia 25 de julho

A data surgiu em 1992, após o Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingos, na República Dominicana com objetivo de fortalecer as organizações voltadas às mulheres negras. No Brasil, a presidenta Dilma Rousseff transformou a data em comemoração nacional, desde 2014, comemora-se em 25 de julho o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra – em homenagem à líder quilombola que viveu no século 18 e que foi morta em uma emboscada.

“Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo, viveu na década de XVIII no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Ela liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados. Segundo documentos da época, o lugar abrigava mais de 100 pessoas, com aproximadamente 79 negros e 30 índios. O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770 – alguns dizem que a causa foi suicídio; outros, execução ou doença.

Sua liderança se destacou com a criação de uma espécie de Parlamento e de um sistema de defesa. Ali, era cultivado o algodão, que servia posteriormente para a produção de tecidos. Havia também plantações de milho, feijão, mandioca, banana, entre outros.