O Estupro coletivo praticado por 33 homens, ocorrido na comunidade de Morro São João, Jacarepaguá, estado do Rio de Janeiro, contra a adolescente de 16 anos, no último dia 23/05, e da jovem de 17 anos violentada no município de Bom Jesus, na última sexta-feira (20), no estado do Piauí, vítima de estrupo coletivo por 05 homens, que veio a óbito no último dia 23,  comovem-nos e indignam-nos na condição de humanidade, pois mostram a brutalidade e o nível de insensatez, de violência e opressão às mulheres.

O SINASEFE NATAL vem a público se solidarizar com as vítimas e seus familiares, condenando e repudiando este ato de violência de que meninas e mulheres são vítimas todos os dias, na maioria das vezes sem divulgação na mídia e sem providências punitivas em relação aos estupradores.

Estes casos revelam a forma cruel e violenta como se sedimenta a cultura machista e patriarcal em nossa sociedade, que sustenta e naturaliza as opressões de gênero, com práticas de subserviência e submissão das mulheres no contexto das relações desiguais entre homens e mulheres em nosso dia a dia.

Mais do que nunca, faz-se necessário exigir do estado brasileiro políticas públicas para as mulheres, como forma de alteração deste cenário de desigualdades nas relações de gênero. É fundamental a adoção de medidas mais eficazes e de proteção, na perspectiva de gênero, como meio de investigar, punir e processar os agressores, para combater o Estupro e todas as formas de opressão e violência contra as mulheres.

Colocamo-nos contrário a toda e qualquer forma de culpabilização da vítima do Estupro, que tem como fundamento os valores morais baseados em preconceitos, discriminações e estereótipos sexistas. O Estupro como crime hediondo é tipificado no código penal e apresenta suas penalidades ao agressor. Porém, precisamos exigir do Estado e do Poder Judiciário punições mais rigorosas a estes crimes, que violam a dignidade da vítima e trazem consequências morais, psicológicas, físicas e materiais irreparáveis à vítima sofrimento para a vida toda.

Por fim, o SINASEFE Natal vem conclamar toda a sua categoria para combater veementemente estes tipos de crimes sexuais e se posicionar contra a violência de gênero, de todas as formas de opressão às minorias e à CULTURA DO ESTUPRO e dizer não à banalização desses atos.

Enquanto formadores e formadoras em uma instituição de educação, não devemos nos esquecer de que nossa prática pedagógica reproduz um padrão de comportamento estabelecido na sociedade com modelos padrões do homem hétero, branco e provedor. Com isso, a nossa educação silencia no debate sobre o empoderamento da mulher, uma vez que esse encaminhamento vem desconstruir o modelo capitalista valorizado em nossa sociedade. Devemos lembrar, ainda, que não é somente com medidas coercitivas que combateremos a cultura do estupro, e sim com uma mudança de mentalidade que deve ser trabalhada, também, com as famílias dos nossos alunos e alunas, que inconscientemente educam seus filhos e filhas para a reprodução de um modelo opressor de relação sexista.

Defendemos uma educação não sexista e não discriminatória, que combata a cultura da violência contra as mulheres, no sentido de promover a igualdade de gênero e os preceitos constitucionais e dos direitos humanos.

Precisamos nos envolver em debates sobre o tema e nos mobilizar para denunciar toda e qualquer forma de violência e opressão as mulheres, em toda sua diversidade, identidade de gênero, nas diversas idades, em nossos campi e na sociedade.

NÃO À OPRESSÃO, NÃO À VIOLÊNCIA, NÃO À BANALIZAÇÃO E NATURAIZAÇÃO DO ESTUPRO. PELA DIGNIDADE E DEFESA DA LIBERDADE E AUTONOMIA DAS MULHERES.

GT de Identidade de Gênero e Orientação Sexual, Raça, Etnia e Trabalho Infantil do SINASEFE Natal