A Marcha da Mulheres Negras reuniu na última quarta-feira (18), em Brasília, cerca de 50 mil mulheres de todo o país que caminharam em direção à Praça dos Três Poderes para lutar contra a violência, a discriminação e o racismo. O GT Identidade de Gênero e Orientação Sexual, Raça, Etnia e Trabalho Infantil do Sinasefe Seção Sindical Natal apoiou o movimento e participou ativamente das atividades promovidas no encontro, que reuniu muita cor, alegria, música, debates e discursos contra a violência e o racismo.

No encontro foram realizadas diversas atividades, como mini-cursos, oficinas, exibição de filmes e debates abordando assuntos como a violência, diversidade e a reparação histórica ao povo negro no Brasil. A Marcha reuniu muitas gerações de militância do movimento negro e das mulheres.

Na programação da Marcha, também foi realizada uma audiência especial na Câmara dos Deputados com representantes de movimentos de mulheres negras e parlamentares. Na audiência foi defendida uma maior presença das mulheres negras na política e foi criticada o que chamaram de pauta conservadora da Câmara dos Deputados.

A marcha das Mulheres Negras deste ano reuniu cerca de 50 mil mulheres que lutam diariamente contra o racismo, a violência, pois há um número significativo de mulheres negras vítimas da violência doméstica, conta o preconceito, o ódio e a própria precarização do negro.

O Sinasefe Natal participou da Marcha com sete representantes de sua base, eleitos em Assembleia. Foram eles: São eles: Calado de Paula; Erick César; Erivanda Tavares; Goreth Alves; Maria de Lurdes Teixeira; Socorro Silva; e Wagner Campos.

Para a coordenadora geral do Sinasefe Natal, Socorro Silva, “a participação do Sindicato na Marcha foi muito importante. Primeiro porque nós enquanto representantes podemos refletir sobre a importância do tema e a necessidade de inclui-lo dentro do debate formativo dos nossos sindicalizados”.

A intenção da diretoria do Sinasefe Natal é propor um momento de socialização na Assembleia e fazer um trabalho com os sindicalizados para que esse tema seja tratado dentro das discussões nos Campi, principalmente pelos núcleos de Educação e diversidade que foram criados nos Institutos.

“Reconhecemos a relevância e a importância do Sindicato promover mais momentos formativos como esse. Estivemos com sete representantes de nossa base e isso fez toda a diferença, pois fomos a única seção do Sinasefe representada na atividade, inclusive com registro feito na mesa da audiência especial realizada na Câmara dos Deputados”, informou Socorro Silva.

Segundo Maria de Lurdes Teixeira, uma das representantes da base do Sinasefe Natal, “a Marcha foi um momento de interação e enriquecedor. Participamos de um momento histórico, onde reafirmamos a nossa luta e nosso posicionamento político”.

Já para Goreth Alves, o movimento reuniu um número significativo de mulheres e serviu para chamar a atenção do governo para a inclusão de políticas públicas para esse segmento. “Por traz de cada mulher que participou da Marcha, tem um morro, tem uma favela, tem uma comunidade quilombola e um contexto que precisa ser visto e que não se pode abafar. Que o governo possa atuar mais nesses espaços e trazer melhorias para esse segmento”.

A cada ano que passa, a Marcha das Mulheres Negras é consolidada como um movimento que demarca realmente a reflexão sobre a necessidade de se ter políticas públicas voltadas para as mulheres negras, independentemente de serem do campo, da cidade, das comunidades tradicionais, de assentamento ou dos quilombolas.

Durante o percurso, os participantes da Marcha foram surpreendidos com atos de violência contra as mulheres, que causou pânico, correria e terminou com a detenção de dois policiais civis que deram tiros para o alto no momento em que a Marcha das Mulheres Negras chegava à Praça dos Três Poderes. As mulheres presentes na Marcha responderam a agressão à altura, cantando e dançando, afastando todo o clima pesado do momento.

O Sinasefe Seção Sindical Natal repudia os atos de violência que aconteceram na Marcha das Mulheres Negras em Brasília e reafirma a sua solidariedade e o seu compromisso de continuar lutando, promovendo ações pelo fim do racismo, do machismo, do sexismo e de todas as formas de violência.

A Marcha

A Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver surgiu durante o Encontro Paralelo da Sociedade Civil para o Afro XXI, realizado em 2011, em Salvador, capital do estado da Bahia. A partir de então, mulheres negras e do movimento social de mulheres negras atenderam ao chamado e deram início as mobilizações para a Marcha. De 2011 até agora, foram realizadas diversas ações entre debates, oficinas, passeatas, eventos formativos, articulações em âmbito local, regional, nacional e internacional.

A Marcha é uma ação nacional que conta com uma diversidade de mulheres negras, organizações do campo, da cidade e da floresta, de trabalhadoras rurais e urbanas, de movimentos populares, lésbicas, estudantes e religiosas da matriz africana. O movimento é realizado anualmente no mês de novembro, em Brasília, em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado no dia 20.