Na tarde da última terça-feira (30/06), os servidores do IFRN participaram de mais uma Assembleia Geral da categoria. O encontro teve como pauta a intervenção no IFRN e a deliberação sobre a adesão da categoria ao estado de greve, mas também se deteve sobre a atual crise política e institucional no Brasil e seus desdobramentos para a educação. Um dos principais temas trazidos pela categoria no encontro foi a discussão sobre o ensino remoto.

A coordenadora geral do SINASEFE Natal, Professora Nadja Costa, iniciou o encontro passando os informes e as considerações sobre o primeiro ponto de pauta, a intervenção no IFRN. Disse que o Instituto está há mais de 60 dias sob intervenção e que os servidores continuam na luta e na resistência com o que é possível realizar. Falou que a vigília pela Democracia continua com suas atividades na Reitoria e realizando algumas ações pontuais de impactos, como a ação para demonstrar a rejeição dos servidores nesses 60 dias de intervenção.

A coordenadora também informou que estão aguardando a sentença final das ações judiciais para assim dar os próximos passos no processo. Lembrou do autoritarismo da gestão interventora, que vem censurando as atividades dos servidores que estão mobilizados contra a intervenção, com a retirada de faixas e cartazes da Reitoria.

Sobre as comissões formadas para as mobilizações contra a intervenção, Nadja informou que tem acontecido reuniões em alguns Campi para discutir sobre a temática, mas que ainda existem algumas fragilidades nos grupos.

“Estamos em busca de construir novas atividades contra a intervenção e não deixar que ela seja naturalizada. Temos o compromisso de renovar, fortalecer e manter o funcionamento das atividades para que a intervenção não caia na normalidade e possamos ter a nossa democracia de volta”, finalizou Nadja Costa.

Já a coordenadora geral do SINASEFE Natal, Emanuelly Bezerra, falou sobre o ensino remoto e comentou que o retorno das aulas através desse formato tem gerado muitas dúvidas e é visto com bastante receio por estudantes e professores do IFRN. Segundo a professora, nos Institutos que o ensino remoto foi implantado os relatos são preocupantes. “No IFRN a gestão interventora parece não ter nenhuma proposta ou planejamento para quando ocorrer o retorno das aulas e ao que parece estão esperando que os diretores demandem ou decidam como será o retorno”, comentou a educadora.

Em seguida, o assessor jurídico do sindicato, Carlos Alberto Marques Júnior, falou sobre a ação impetrada pelo SINASEFE Nacional contra a Instrução Normativa Nº 28/2020, que determina o corte no auxílio-transporte, adicional noturno e dos adicionais ocupacionais aos servidores e empregados públicos que executam suas atividades remotamente ou que estejam afastados de suas atividades presenciais. Ele informou que o processo teve uma nova movimentação e o juiz responsável pelo julgamento da ação solicitou que a Advocacia Geral da União – AGU se pronuncie sobre a medida. Carlos Alberto lembrou que ações impetradas em todo o país tiveram sentenças diversas e que no momento, o melhor é esperar o resultado da ação da nacional. Enquanto isso, ações individuais estão sendo realizadas pela assessoria jurídica do SINASEFE para aqueles servidores que sofreram cortes ou estão sendo obrigados a devolver valores recebidos.

A estudante Adriane Cristina, aluna do Campus Natal-Central e vice-presidenta da União dos Estudantes Secundaristas Potiguares (UESP), comentou sobre a importância do sindicato seguir pautando a intervenção no IFRN. Para ela, a intervenção no Instituto é só mais um dos ataques à educação pública promovidos pelo governo Bolsonaro. A líder estudantil chamou a atenção para a necessidade de seguir pressionando os interventores e também conclamou que os servidores se mantenham mobilizados e organizados contra o sucateamento da educação. “Não podemos deixar nenhum estudante para trás”, ressaltou a Adriane.

Para Silas Emanuel, aluno do Campus Parnamirim e presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Natal (UMES), é preciso discutir o ensino remoto com toda a comunidade escolar. Segundo o líder estudantil, é consenso entre os estudantes que a educação remota não é uma modalidade inclusiva e que não atende a necessidade de todos os estudantes do país. Para Silas, o Governo Bolsonaro, e também algumas instituições de ensino, não tem se preocupado em manter um diálogo com os estudantes.

Sobre a deflagração de uma greve geral da educação, a coordenadora do SINASEFE Natal, Emanuelly Bezerra afirmou que é consenso que haverá greve em algum momento do governo Bolsonaro, tendo em vista todos os ataques sofridos pelos servidores, mas que diante do cenário de pandemia e incerteza jurídica que o país passa, a mobilização tem se mostrado cada dia mais desafiadora.

O servidor do Campus Cidade Alta, Shilton Roque, comentou que os servidores têm inúmeros motivos para entrar em greve e que a demora em iniciar um movimento paredista tem provocado cansaço e adoecimento na categoria. “Muitos servidores estão mobilizando e trabalhando. Todas as semanas participamos do plantão na Reitoria, das reuniões do SINASEFE, das reuniões nos Campi e acabamos atuando em várias frentes, apesar da importância de todas essas ações, é claro que precisamos assumir uma postura mais incisiva”, comentou Shilton, que também chamou a atenção para a necessidade de mobilização nos Campi, pois somente as unidades de Cidade Alta e Parnamirim realizaram reunião para discutir a construção de uma greve.

A Professora Aparecida Fernandes falou sobre a reunião no seu Campus, o IFRN Parnamirim, e chamou a atenção para a dificuldade de mobilização. Segunda a educadora, além dela, somente dois outros colegas se mostraram favoráveis a uma greve geral.

Após as falas, foi realizada a votação para deliberar sobre a adesão da categoria ao estado de greve contra a intervenção no IFRN. A votação foi realizada através de ferramenta online. Ao todo, 48 servidores votaram, destes, 32 (67%) foram favoráveis à adesão ao estado de greve, 11 (23%) foram contrários e 05 (10%) se abstiveram.

A assembleia aconteceu através de videoconferência com transmissão pelo canal do SINASEFE Natal no Youtube. A transmissão teve um pico simultâneo de 75 pessoas e contou com 286 reproduções.

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