Confira abaixo texto do docente do IFRN e filiado Sinasefe Natal, Marcel Matias, sobre o gabinete itinerante.

 
08 de agosto de 2013

A propósito de gabinete itinerante e temas afins

 
Espetáculo, primeira palavra que me vem à cabeça. Um grande espetáculo armado para tudo funcionar do modo mais adequado possível: os discursos artificiais e programados, a memorização de nome de servidores para dar o efeito de proximidade, a diluição de perguntas com caráter crítico, o longo caminho trilhado para responder de modo evasivo.
 
No papel, a ideia do gabinete itinerante é interessante: proporcionar o contato dos servidores de todos os câmpus do IFRN com a reitoria, para que esta possa planejar em conjunto e ouvir as demandas locais. Na prática, infelizmente, o gabinete serve como uma espécie de campanha política para realçar a imagem dos componentes da gestão. No IFRN, a imagem é mais importante do que a prática.
 
Sim, somos uma gestão democrática no papel e no discurso, na prática e nas ações não. Como exemplos, partindo da realidade do câmpus de minha lotação, temos: o processo de construção do Câmpus Rocas, que deveria ser debatido com a comunidade interna e externa, mas que é uma espécie de segredo de estado, ninguém sabe ao certo os acordos e desacordos de sua construção; a não ocorrência de eleição para diretor acadêmico, tendo em vista que a gestão entende que realizar a referida eleição não é adequado porque o processo eleitoral não se constitui como prática democrática (!!); partindo para uma esfera mais ampla, há o valor da bolsa dos estudantes que não é discutido com a comunidade; para não falar da confraria chamada CODIR; e do regime do silêncio, no qual o servidor não pode expressar opinião divergente para não perder FG ou para não ser prejudicado numa solicitação legítima, como já aconteceu comigo.
 
Falta a quem trabalha no serviço público a compreensão sobre o que é uma instituição pública. O IFRN não é uma propriedade privada, a gestão não é do reitor nem do diretor. É nossa. É dos estudantes. É de toda a sociedade. Os gestores deveriam definitivamente compreender isso.
 
Eu gostaria que, em algum momento, tivéssemos a dignidade de discutir esses pontos abertamente e seriamente aqui no IFRN, sem o uso de desqualificações pessoais ou mudança de assunto e sem jogos políticos (no sentido negativo), cuja única preocupação é a perpetuação eterna no poder, como ocorre nas esferas políticas externas. Se tivéssemos o desprendimento necessário para o exercício de uma gestão democrática, o IFRN cresceria e muito e seria melhor para todos, pois não precisaríamos viver submissos a uma hierarquia autoritária e burocrática.
 
Marcel Lúcio Matias Ribeiro